20 de abr. de 2010

COISAS QUE PERDEMOS PELO CAMINHO!!!

LIGUE O VÍDEO ANTES DE COMEÇAR LER!!!

Não sei se alguém já assistiu a esse filme, o título original é THINGS WE LOST IN THE FIRE, com a Halle Berry, Benicio Del Toro... Sua bilheteria não foi das melhores em 2007, tanto é que eu mesma assisti na TV fechada há um ano.

Segue sinopse retirada do site http://www.adorocinema.com/

“Audrey Burke (Halle Berry) está em choque com a notícia que acaba de receber: Brian (David Duchovny), seu marido, foi morto em um ato de violência o qual ele não tinha qualquer ligação. Audrey agora se sente perdida e, por impulso, recorre a Jerry Sunborne (Benicio Del Toro), um amigo de infância do marido que é também viciado em drogas. Desesperada para preencher o vazio em sua vida que existe desde a morte de Brian, Audrey convida Jerry para morar no quarto anexo à garagem da família. Jerry atualmente está lutando para evitar as drogas e vê nesta oportunidade a chance de se recuperar de vez, já que passa a agir como se fosse o substituo de Brian na vida de Audrey e seus filhos.”

A atuação de Benicio é fantástica e a Halle também não fica atrás, ainda mais com sua caracterização de uma mulher como todas as outras (até o cabelinho ruim ela manteve sem contar que muitas vezes esta com cara de acabada mesmo rs).

A parte mais marcante para mim é quando num jantar com alguns amigos, uma das convidadas começa a fazer perguntas sobre o falecido, no inicio, a conversa fica estranha (confesso que pensei: “mas quem essa menina pensa que é! Puro atrevimento ficar mexendo na ferida dos outros”).

Mas me surpreendi pois a conversa desprendeu uma sucessão de grandes lembranças dos momentos vividos, do jeito, do gosto, das manias de uma pessoa que eles amavam incondicionalmente.

Ao final do filme, minha mãe estava ao lado e comentou com lágrimas nos olhos: “falar de quem não está mais conosco deixa vivo dentro da gente o sentimento que tínhamos por quem se foi.”

Eu senti o que minha mãe pensou, senti sua tristeza, sua agonia e sua cobrança por nunca conseguir fazer isso em relação a minha tia Floripes (irmã dela) que faleceu no dia 19 agosto de 1988, com apenas 27 anos.

Semana passada por intermédio dos guias espirituais, “sonhei” com minha tia Floripes, ela estava linda, vestia uma bata branca com bordados lilás, cabelo solto, castanho-escuro rebelde na altura dos ombros, ao seu redor muitas crianças, quando veio ao meu encontro com um enorme sorriso e um abraço! Ai que saudade daquele abraço! Conseguia sentir o cheiro doce e suave de sua pele. Conversamos brevemente, pois as crianças queriam brincar comigo, só me lembro dela dizer: “Mande um beijo para sua mãe, e peça para que cuide mais de si mesma.”
Ao acordar estava ansiosa para contar a minha mãe, mas com a correria do dia a dia não tive oportunidade. Foi quando sugeri levá-la à São Paulo no próximo sábado, assim passaríamos um tempo juntas.

Bingo! Foi o momento perfeito... No caminho contei o sonho e, imediatamente, seus olhos encheram de lágrimas, nem piscava... Percebi que seus pensamentos foram para bem longe, permitindo explorar recordações e sentimentos que estavam guardados em uma gaveta lacrada de sua memória que nunca ousaria abrir.

Se sentindo a vontade com esse sentimento que transbordava, ela começou a falar sobre a minha tia, sobre o convívio que elas tinham, sobre a amizade e amor que era muito forte entre elas. Contou que quando chegava do trabalho cansada, a Floripes (mais nova que minha mãe) sempre lavava seus pés em uma bacia com água quente fazendo uma massagem maravilhosa, enquanto conversavam sobre como havia sido o dia.

Recordou-se de todos os detalhes que antecederam a morte da minha tia, na época nos mudaríamos para o Rio de Janeiro e minha mãe conseguiu fugir conosco para a casa da Floripes para fazer uma "DESPEDIDA" durante as férias de julho de 1988... Divertiram-se muito durante alguns dias; minha mãe, a Floripes, minha tia Pauléia e a “primaiada” é claro. A mãe conta que o sentimento destes dias era de que elas estavam se despedindo para SEMPRE.

Cerca de 10 dias depois fomos para o Rio de Janeiro e em seguida veio a noticia da descoberta da doença da tia, leucemia em estágio avançado, sendo internada imediatamente. Isto pegou todos da família de surpresa.

A agonia da minha mãe só crescia por estar longe. Conseguiu, a muito custo, vê-la no final de semana, pois meu pai ficou cuidando de nós (eu tinha 06 e a Kátia 08 anos).

Ela passou todo o final de semana no hospital com a minha tia, revezando com meus avôs. Em uma das vezes, ela via na expressão da tia Floripes a força que fazia para mostrar que estava tudo bem, dizendo que não estava com dor e que iria ficar boa logo, tudo isso para acalmar a todos.

Na segunda-feira minha mãe, com o coração na mão e dividida entre ficar com a irmã e ficar conosco, uma vez que meu pai precisava trabalhar, pegou o ônibus de volta ao Rio de Janeiro, ao desembarcar na rodoviária ligou para a minha avó na tentativa de avisar que havia chego e saber noticias da tia Floripes... Mas só dava sinal de ocupada, decidiu ir ao banheiro e depois tentaria novamente. Ao entrar; começa a tocar a música “Ave Maria”, minha mãe se dispara a chorar, naquele exato momento ela soube que minha tia havia partido!

Realmente, ela ficou em coma durante uma semana. As expectativas de melhoras eram bem pequenas. Meu tio Estevan foi até o Rio de Janeiro nos buscar, pois minha mãe tinha que estar ao lado da família.

Foram momentos tumultuados, extremamente cansativo, desgastante e de muita fé. Minha tia teve uma súbita melhora, o que encheu os corações de esperança e alegria momentânea, sendo que duas horas mais tarde, no dia 19 de agosto de 1988 , a Floripes filha, irmã, esposa, mãe, tia e amiga deixou sua marca em nossas vidas.

Minha mãe não tocava nesse assunto há mais de 20 anos... Em cerca de 1:30 de conversa, ela reviveu todos os momentos falando de cada detalhe minuciosamente, cheia de emoção, cheia de amor, cheia de saudade, cheia de vida. Foi quando olhou nos meus olhos (as duas já estavam mais que chorando rs) e disse:

“Muito obrigada por me fazer sentir isso tudo VIVO dentro de mim, achava que tinha me tornado uma pessoa fria e sem sentimento, isso tudo fez aquecer meu coração de amor, estou transbordando por me sentir VIVA.”

Não precisa dizer que desabei né? Minha mãe, minha coisa mais rica, mais valiosa desta vida, que eu admiro, venero e amo com toda a minha FORÇA, só tenho a agradecer pela minúscula oportunidade de retribuir a todo o AMOR incondicional que a senhora tem por mim!!!

Novamente, agradeço a vida que deu a minha mãe EXATAMENTE aquilo que ela precisava, já sabia e não praticava, ou seja, uma forma de redescobrir que as pessoas que amamos DEVEM ficar vivas dentro da gente!

MÃE TE AMO!!!
Vó & Mamis

3 comentários:

  1. Confesso que li essa entrada saltando as linhas, porque sempre é muito difícil quando se está longe da família pensar que as coisas podem acontecer assim, tão de repente...
    Não tenho mais muito o que dizer...
    Bjo

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  2. ... simplesmente estou emocionada... e cada vez mais orgulhosa de você! Como Te amo amiga!

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  3. Olá Tatiana tudo bem?

    Bom esse comentário e para a mulher maravilhosa que é sua mãe, uma mulher forte e guerreira, e agradece-la por tudo.

    Obrigado por muitas vezes ter sido minha segunda mãe e ter me tratado como um filhos por outras muitas vezes.

    Obrigado sempre pelo carinho.

    Fica com DEUS.

    Thiago

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